Ana Rossi
quando olho para trás
não sinto pena
não sinto dor
não sinto amargura
apenas olho o que ficou
quando viro para trás
não mais me importa
quem me odiou
quem me machucou
quem me rebaixou
importa o que me experimentou
quando soletro o que passou
as letras correm soltas
identidades que se fazem
e se (des)fazem
em mim
quando olho para trás
está tudo resolvido
está tudo acertado
está tudo no lugar
quando olho para trás
sigo
feliz
deixei-me pegar pelas coisas
e sou
outra
em mim
Brasilia, junho de 2020